13.4.07

Arte sacralizada versus arte multiplicada. A reprodutibilidade técnica da obra de arte em Walter Benjamin.

O advento da época da reprodutibilidade técnica modificou profundamente o modo como o homem se relaciona com a obra de arte. Esta última, em seu momento histórico primordial, possuía sua expressão, sua função, nos cultos mágico-míticos praticados pelos homens de outrem. Essa característica religiosa da obra de arte se manteve intocada e firme até o surgimento e desenvolvimento das tecnologias que permitiram a sua reprodutibilidade técnica. Nesse contexto, temos a fotografia, que obedecendo à lógica do "crescei e multiplicai-vos" deu início a uma crise de sentido que transformou de forma extraordinária a nossa relação com a obra de arte. Se esta possuía um valor de autenticidade, na medida em que cada obra seria única em existência, com o aparecimento das tecnologias que tornaram possível a reprodução técnica, a obra de arte perde esse direito de se proclamar exclusiva, autêntica, para se tornar múltipla, reproduzida. Com isso, a aura mítica, religiosa, que permeava aquele objeto único no mundo, quase inatingível, se esvai na medida em que ele é multiplicado e distribuído pelo mercado sedento por novos e modernos produtos tecnológicos. Assim, com a queda do critério da autenticidade da obra de arte, da sua aura dividida entre todas as suas incontáveis reproduções e do desaparecimento dos seus valores mítico-religiosos, a produção artística passa a fundamentar-se em um outro valor que não o "valor de culto" (kultwert), mas sim no "valor de exposição" (ausstellungswert).

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