11.7.07

Fragmentos a favor do subjetivismo.

Não vejo melhor forma de apreensão da realidade do que declarar a impossibilidade do positivismo valorizando ao máximo a subjetividade. O conto da objetividade acadêmica é conversa pra boi dormir. Ao lidarmos com o fato, objetivo, frio e "racional", perdemos muito das informações subjetivas individuais que, para mim, longe de deturpar o fato, o enriquecem com as suas gorduras, adjetivos, juízos de valor, humores, sentimentos e outros nomes negados no "texto que se compromete com a verdade". Como se existisse UMA verdade objetiva! A verdade são várias. No máximo, pouco mais de 6 bilhões de verdades convivem no mundo entre si. E nenhuma delas é falsa. A verdade não está no conceito, mas nas condições que levaram determinada individualidade chegar a uma conclusão. Nesse sentido, temos de parar de querer impor nossas verdades fragmentadas sobre as de outros e começar a compreender os motivos desses outros pensarem de outras maneiras. A verdade está no saber o que levou os indivíduoas a pensarem como tal. Se considerássemos como pressuposto que, aquilo que Fulano disse, independente de quem ele seja, não passa da visão que Fulano tem sobre determinado assunto, começaremos a demolir esse conceito medieval de autoridade. E mais, conseguiremos começar a construir uma verdadeira objetividade: a construída a partir da comunhão de visões. A verdadeira objetividade, que dá conta de muito mais infomação do que o fantasioso fato objetivo, é construída a partir da conjunção de várias subjetividades, com seus juízos de valor, sentimentos, raivas, angústias, medos, anseios, amores e vontades. Nietzsche já tinha declarado a estupidez do fato. Heidegger colocou a objetividade como uma construção. Precisamos colocar em prática o clichê que diz que ninguém é dono da verdade. Só o conhecimento é posse, não a verdade, disse Benjamin. É preciso que não analisemos os conteúdos dos juízos, mas suas condições de produção.